Caixinha de Música

sábado, 14 de abril de 2012

Um Lugar para Todos

Eu já conhecia o talento de Thrity Umrigar, desde A Distância entre Nós, o que me motivou a ler A Doçura do Mundo. Agora, após ter lido Um Lugar para Todos, continua crescente a minha opinião positiva sobre essa escritora.
Não dá para deixar de ler esse romance de estreia de Thirty Umrigar! A maestria com que desenrola o fio narrativo é simplesmente envolvente, no sentido literal do termo. Ela enrola o leitor, envolve-o, enreda-o, não o deixa parar de ler.
A trama se desenvolve em torno de um prédio de apartamentos e seus moradores, o Edifício Wadia, num bairro de classe média, na periferia de Bombaim. As vidas dos seus moradores se desenrolam e se entrecruzam, contracenando com as contradições da cidade de Bombaim.
Durante o casamento de um jovem morador do Wadia, amigos e vizinhos se reúnem e recordam o tempo de juventude, refletindo sobre as mudanças que a vida escreveu, com a participação de cada um, de acordo com suas escolhas ou com suas omissões. A decadência de Adi Patel, a maledicência de Dosamai, a ternura de Dinabai, o lindo amor de Themi e Cyrus, o amor frustrado de Soli Contractor, a inquietação de Rusi Bilimoria com o destino de todos e a impotência diante do próprio naufrágio...Um mundo terno e denso, formado pelos moradores de um prédio.
Apesar de parecer difícil acompanhar a narrativa, há um fio tênue ligando cada capítulo-conto. É possível ler cada capítulo e sentir uma história completa, como se fosse um retângulo de uma tela, que faz parte do tecido criado e, ao mesmo tempo, é singular.
Cada história narrada se parece com a história de gente que conhecemos, ou que poderíamos ter conhecido, ou mesmo com a nossa própria história. No final, no entanto, há uma surpresa para os convidados que foram solicitados a permanecer, após a cerimônia. Em meio à surpresa afetiva, que traz o passado e ainda pode interferir no futuro, a grande surpresa, ou a denúncia, da dura realidade daqueles que não povoam as páginas do livro, mas cujas histórias correm paralelas, nas ruas da estranha cidade. A leveza da caixa forrada de cetim cor-de-rosa choca-se contra a rigidez da pedra que irrompe o salão.
Mas não vou estragar a história: surpresa é surpresa: Leia!

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