Caixinha de Música

terça-feira, 10 de abril de 2012

VALE A PENA LER THRITY UMRIGAR



Sempre acreditei na máxima “Minha vida daria um romance”. Agora, adiciono-a à citação inicial do livro autobiográfico que acabei de ler: “Graças a Deus, a vida não nos dá o que merecemos.”

"A Primeira Luz da Manhã é a autobiografia da escritora Thrity Umrigar, da infância à adolescência, em Bombaim, até a ida para os Estados Unidos. Trata-se do relato de lembranças com gosto de romance, contado com emoção e talento.

Thrity cresceu imersa em paradoxos: amor, ódio, liberdade e repressão, doçura e rudeza; uma criança parse de classe média que frequenta uma escola católica em uma cidade predominantemente hindu; uma menina que sofre, enche-se de culpa, sente-se uma estranha no ninho familiar, e deseja ardentemente mudar o mundo, principalmente o que a cerca mais de perto.

A partir do prefácio, dirigido especialmente à edição brasileira, o livro já seduz, pois revela a sensibilidade, a delicadeza e o carinho da autora ao encontrar tantas afinidades entre a nossa cultura, tão plural, e a cultura do seu País. Descobrir que nem todos podem ser felizes como os protagonistas de A Noviça Rebelde, de que a imagem da mãe do rótulo do Ovomaltine talvez nem exista, tudo isso é crescer, é amadurecer.

A narrativa revela segredos sobre as relações familiares, a luta pela sobrevivência, a fuga através da leitura, de modo envolvente, doce e trágico. Em suas memórias, pode-se descobrir de onde nasce a fecunda inspiração da autora: do cadinho da vida. A Distância entre Nós, A Doçura do Mundo e Um Lugar para Todos tinham de nascer de uma personalidade forjada com tanta dureza, com tamanha busca e tão invencível sensibilidade.

Já antevejo o próximo livro, no qual certamente falará da sua vida nos Estados Unidos, de como se adaptou à nova cultura, dos amores que viveu, e de como revelou-se essa escritora de pulso firme e de coração sensível.

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