Caixinha de Música

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

COMENTÁRIO DE LIVRO

 

O EFEITO SOMBRA

 

Não sei se já disse, mas vale repetir: gosto de ler e de compartilhar leituras. Se pudesse, faria com que todo mundo se apaixonasse pela leitura! Ao longo da minha carreira de professora, tive o orgulho de seduzir vários alunos para o prazer de ler.

Como decidi fazer do meu blog uma espécie de "Querido Diário", e como num "Dear Diary" fica-se à vontade para falar, vou tecer alguns comentários sobre um livro que acabei de ler, do qual já vinha falando, no final da semana passada.

Não é o meu estilo preferido de leitura, confesso. Para recrear o espírito, gosto mesmo é de uma boa ficção. Para atualizar o pensamento, tenho inúmeras opções! Mas, como sou leitora contumaz, leio um pouco de tudo. E esse livro me surpreendeu, em vários momentos, abriu-me os olhos. Trata-se de O Efeito SOMBRA, de Deepak Chopra, que explica a existência da sombra coletiva; Debbie Ford ,que nos convida a fazer as pazes com os outros, com o mundo e com o nosso Eu; e Marianne Williamson, que afirma que só a luz pode banir a escuridão. Dividido em três partes, cada uma a cargo de um autor, cada autor aborda a sua visão sobre o tema SOMBRA, de um ângulo  novo e complementar.

De maneira prática e convincente, O EFEITO SOMBRA comprova que realmente somos múltiplos. Lembrei-me de Mário de Andrade: Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, / Mas um dia afinal eu toparei comigo... /Tenhamos paciência, andorinhas curtas, / Só o esquecimento é que condensa.

A metáfora que Debbie Ford utiliza para descrever a nossa tentativa frustrada de esconder nossos "outros", as outras personas, usando a visão da tentativa de afundar bolas de praia na água, sob pressão, é bem elucidativa. Chega um momento em que não se consegue manter as bolas submersas e elas espocam, respingado água na sua máscara, desmascarando-o. Talvez venha daí o dito popular: "Ele pisou na bola", ou seja, levou um tombo, foi desmascarado. E quantos por aí, famosos e anônimos, não vivem "pisando na bola"? Se tentassem conhecer esse outro lado, lidar com essas outras faces, com o lado sombra, seria mais fácil evitar os respingos e os tombos.

Todos já sabemos que somos duais, imprevisíveis, desconhecidos. Não somos todos (infelizmente!) como Fernando Pessoa, mas somos também grandiosos demais, múltiplos demais, para caber num só figurino, como bem o sintetizou o seu heterônimo mais atribulado, Álvaro de Campos:

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.

 

Durante a leitura, nos reconhecemos em muitos dos nossos labirintos ("Perdi-me dentro de mim/ Porque eu era labirinto,/ E hoje, quando me sinto,/É com saudades de mim".), e encontramos várias pessoas com as quais contracenamos. Aprendemos várias lições de como enfrentar nossos medos, aliviar nossas culpas; explicações sobre determinadas condutas; alertas para evitar futuras exposições.

No final, há um questionário com vinte perguntas objetivas (fiz o teste antes de ler o livro:  tenho o hábito de ler "de trás pra frente".). Gostei de saber como estou lidando com as minhas SOMBRAS e fiquei estimulada a continuar encarando as minhas faces secretas. Pelo teste, estou numa zona de neutralidade, por hora, meio protegida dos efeitos das outras faces. A análise atribui esse resultado aos valores que defendo, à autoestima bem construída, e acrescento a esses elementos: ao fato de trabalhar em educação.

FICA AÍ O CONVITE PARA VOCÊ FAZER A SUA AUTOANÁLISE!

ENFRENTE-SE!

 Se você não existe sem a sua sombra, como não existe noite sem dia, nem luz sem treva, aprenda a conhecê-la!

"Não se iluda; se não lidarmos com essas sombras, elas lidarão conosco".

 

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